Portugal Fashion: Do Adeus à Realidade de House of Wildflowers aos “Sonhos” de Andreia Reimão
- Contemporâneo Jornal
- 10 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de jan. de 2024
Na linha do elétrico e Rio Douro, como pano de fundo, o Bloom, plataforma dedicada a jovens criadores, volta a marcar a abertura do calendário de desfiles do Portugal Fashion. Durante o primeiro dia da Semana da Moda, no Porto, todos os caminhos deram ao Museu do Carro Elétrico.

Entre o ambiente urbano dos históricos veículos do Museu do Carro Elétrico e a beleza natural do Rio Douro, a promoção de novos talentos volta a ser destaque e com local exclusivo. O Contemporâneo assistiu a três desfiles da plataforma Bloom, conhecida por ser a rampa de lançamento de jovens criadores residentes em Portugal.
A moda foi para a rua e fez parar o trânsito na linha do elétrico, durante a tarde de quarta-feira (dia 11), para felicidade dos turistas que viajavam a bordo do transporte, característico da cidade. Por momentos, viram de perto o melhor da Semana da Moda portuense.
Numa passerelle única, Andreia Reimão e Kaya Magalhães apresentaram os modelos das suas coleções. Estes desfiles fecharam o ciclo do prémio do concurso Bloom, que as designers venceram na edição passada de Primavera/Verão, em 2022. No entanto, a iniciativa está agora em suspenso.
A Ode aos “Sonhos” de Andreia Reimão
Numa possível despedida da passerelle do Portugal Fashion, a jovem de 24 anos, que trabalha com a dupla Ernest W. Baker, apresentou um reflexo do que já fez até então no mundo da moda.
Foi com a coleção “Ode to Dreams”, que explorou o universo masculino e feminino. O paradoxo entre o vestuário masculino e os materiais que são tipicamente associados a códigos femininos, foi explorado pela criadora, através do uso de bases clássicas, lantejoulas e rendas, mas sem deixar de lado o tricô e a estreia do denim.
À semelhança da coleção passada, voltou a brincar com peças em formato de corações vermelhos. Desta vez, ao pescoço, os modelos exibiram colares com corações, feitos com legos.
Até agora, apesar desta coleção se assumir de reflexão, é notável que Andreia já criou a sua identidade clássica, focada no menswear. É por esse caminho que se mantém, pautada pelos detalhes que já fazem parte do seu ADN.
No que toca ao futuro, a designer está a trabalhar na abertura de uma loja online e possivelmente física.
O punk à moda do Morangos
Ao som de “Brilhantes Diamantes”, de Maze, Ace e Serial, a coleção de Kaya Magalhães saiu à rua e à moda dos “Morangos com Açúcar”, numa clara inspiração e referência ao regresso da série juvenil.
O toque dos morangos, que marcou gerações, e as cores alegres não passaram despercebidas. Como já nos habituou a designer, esta coleção é, mais uma vez, um regresso à infância e adolescência, no tom romântico.
Os modelos apresentados são estampados, oversized e uma mistura de vários estilos, como o punk, kinderwhore, payful e casual cute. Numa aparente junção entre dois mundos: os bem comportados e os mal comportados, os betos e os dreads.
Noivas e Viúvas no adeus à realidade
House of Wildflowers marcou mais uma edição do Portugal Fashion com uma coleção inspirada nas saudades de casa. O designer Amir Shavit, fundador da marca, é israelita, mas fez de Portugal a sua casa. O seu futuro é incerto e com o despertar da guerra no seu país de origem, poderá ser difícil dedicar-se a 100% ao seu projeto de moda.
“Goodbye Reality” foi o nome escolhido para a coleção apresentada já dentro do museu, com o industrial de fundo. Nesta linha, traz referência às suas origens e o possível adeus, devido ao conflito armado entre Israel e Palestina. Mas também à experiência com inteligência artificial (IA), que o designer já explorou na sua última coleção.
Para a realização desta coleção, utilizou a inteligência artificial nas peças, através de estampados criados por essa tecnologia.
A coleção teve início com a representação de uma viúva, simbolizando a ruptura com a realidade que conhecíamos, e terminou, para surpresa de todos, com uma noiva, simbolizando a integração com o futuro e o desconhecido. O desfile foi marcado pela combinação da alfaiataria e do punk, por um ar fúnebre e, paralelamente, de esperança.
O último modelo a percorrer a passarela foi um vestido de noiva, irreverente, com um cinto preto à cinta e um véu que cobria o rosto da modelo com uma maquilhagem boratada, mas ainda assim vestida de branco.
Sobre o grande final, o cair de pano com um vestido de noiva é considerado um momento significativo e simbólico. Tradicionalmente, esta peça representa pureza e inocência. Amir, ao escolher encerrar desta forma o desfile e ao apresentar-se com flores brancas na mão, como sinal de paz, procurou deixar um clímax emocional e duradouro no público, que aplaudiu de pé.









































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