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[Opinião] O TIK e o TOC do Tico e do Teco

  • Foto do escritor: Lara Castro
    Lara Castro
  • 10 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 16 de jan. de 2024

TDAH- transtorno de défice de atenção com hiperatividade- e TOC- transtorno obsessivo compulsivo- que são como quem diz, as novas epidemias tecnológicas. O contágio é simples, um tik tok, um reels, um vídeo curto, rápido, com falta de conteúdo e contexto de explicação. Atualmente todos os jovens sofrem, ou pelo menos afirmam ter:  TDAH, em inglês ADHS (Ai Di HJ Di).


É facto que a evolução da internet permitiu, e permite um maior acesso a informação importante para entender a complexidade do cérebro humano, mas daí a banalizá-la há uma linha ténue de, diria eu, bom senso. 


Tudo começa pela eficácia do algoritmo, depois, de partilha em partilha, like em like, comentário seguido de comentário, é criada uma lista de sintomas associados a perturbações mentais. 


Os principais indícios de TDAH são a falta de atenção, hiperatividade e comportamentos de como se vivesses “no mundo da lua”. 


Este tipo de auto-diagnóstico parece-me o mesmo do que ir à internet, pesquisar por “dor de barriga”... ao que o google muitas vezes, e usualmente em sites “.br” responde: “Cancro”.


Transtornos mentais não podem ser diagnosticados em 15, 30, 60 segundos.

Com a popularização deste fenómeno no Tik Tok através de vídeos rápidos que normalmente seguem todos a mesma lógica, o utilizador faz um vídeo - “Coisas que quem tem TDAH faz”- e enumera sintomas que usualmente são, e passo a enumerar: 


  1. Balançar a perna

  2. Gesticular muito com as mãos

  3. Arrancar, enrolar cabelo com as mãos

  4. Falar sozinho 

“Tenho tdah e nem sabia”; “mds eu acho que eu tenho isso”; “eu tenho TDAH”, tal como estas respostas, são milhares os comentários de auto-diagnóstico. Se te identificas, segundo o Tik Tok, tens um problema.


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Esta necessidade constante de compreensão pessoal e de procurar “respostas” para encontrar explicações que sejam sentimento de controlo e segurança, por vezes levam-nos ao extremo… do absurdo.


Ter sintomas, não é sinónimo de doença, e claro que é importante normalizar questões de saúde mental, mas com cuidado. Até porque se fala muito de saúde, mas no que toca a apoios e medidas, nomeadamente, acesso a profissionais, para quem realmente sofre de distúrbios do foro mental, Zero. 


Portanto, e para o bem da saúde mental de todos, paremos de procurar essas “respostas” no Tik Tok, sobre o nosso Tico Teco que acha que pode ter TOC. 

Ilustração: Lara Castro


Grande Reportagem

La lhéngua que ye l coraçon dua cultura 

por Lara Castro, Natalia Vásquez e Nádia Neto, em Miranda do Douro
janeiro 2024

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