top of page

Luzes, câmara, som, desfiles: Os rostos do “backstage” do Portugal Fashion

  • Foto do escritor: Lara Castro e Nádia Neto
    Lara Castro e Nádia Neto
  • 14 de out. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 15 de jan. de 2024

Da maquilhagem e cabelo ao audiovisual, o Portugal Fashion é um verdadeiro espetáculo de moda, um trabalho que envolve várias equipas até chegar à passerelle. Hugo Costa, José Pedro Mota, João Oliveira, Mário Leão, Vera Deus e Vera Gomes são alguns dos rostos que fazem acontecer os desfiles do Portugal Fashion, a decorrer até sábado, 14 de outubro, no Museu do Carro Elétrico, no Porto.


À 53º edição do Portugal Fashion, o Museu do Carro Elétrico foi escolhido como novo quartel-general para a promoção da moda nacional.


O Contemporâneo acompanhou o primeiro dia de bastidores do Portugal Fashion dedicado ao Bloom, plataforma destinada aos jovens criadores. Nesta que pode ser a última edição do certame, por falta de financiamento.



Quem assiste aos desfiles do PF, com os modelos cuidadosamente alinhados a caminharem calmos e resolutos na passerelle, talvez não imagine o trabalho que acontece nos bastidores. Lá, tudo é pensado ao detalhe, porque minutos depois serão captados todos os pormenores do coordenado. 


Para que tudo corra bem, há uma enorme equipa na antecâmara dos desfiles, desde responsáveis pelos cabelos, maquilhagens, fittings, entre outros. Fora dos holofotes, o movimento é notório, mas a calma predomina. Nos bastidores, o tempo é ouro e é necessário a sincronização perfeita entre modelos, designers e produção. 


Mário Leão: “A roupa fica sempre à nossa responsabilidade”


ree
Mário Leão, estudante de moda, é aderecista pela segunda vez no Portugal Fashion. Foto: Nádia Neto

Entre os voluntários e estudantes de moda, está Mário Leão, de apenas 19 anos. É a segunda vez que participa no evento, enquanto aderecista. 


Mário Leão, estudante de moda, está a acabar de passar a ferro umas calças denim que serão apresentadas no próximo desfile. Calmamente coloca um tecido branco sobre as calças e só depois coloca o ferro por cima, para evitar queimar a peça. “Sempre com precaução para não estragar a roupa, porque isso seria a pior coisa de sempre”, confessa ao Contemporâneo. É um trabalho delicado que acontece, ao mesmo tempo, que está a decorrer outro desfile, atrás da sua tábua do ferro, que o próprio ajudou a dar os últimos retoques. 


Porém, o seu trabalho é simples: “Nós somos os responsáveis pelas roupas e modelos”, afirma.“Durante todo o tempo em que a roupa é trazida para os bastidores e até ir para a mala outra vez, somos nós (aderecistas) que tratamos da roupa, a roupa fica sempre à nossa responsabilidade”, esclarece. 


Aliás, o voluntário resume a sua função como assistente de designer. Isto é, têm de estar “atento ao mínimo detalhe”, sempre que ajuda a vestir um modelo. Além disso, está atento às chamadas e presenças dos modelos. “Caso algum modelo falte ou, como já aconteceu na edição passada, em que um modelo estava atrasado. Nós, aderecistas, somos responsáveis ou tentamos, através de qualquer meio, contactá-lo. Ou andar atrás, entre aspas, do modelo”, explica.


De aderecistas aos coordenadores de bastidores, responsáveis por alinhar a magia e modelos na passarelle, desta vez, na linha do elétrico


Hugo Costa: “Sou a pessoa responsável por organizar tudo o que é associado ao desfile”


ree
Hugo Costa orienta manequins no ensaio dos desfiles. Foto: Nádia Neto

Entre o curto espaço de tempo dos desfiles, Hugo Costa, coordenador do Bloom, está a dar instruções aos manequins sobre o percurso da passarela exclusiva, desta edição, com grande precaução, atendendo às particularidades da linha do metro. O coordenador precisa da máxima atenção dos modelos para que nada corra mal, no primeiro desfile feito no exterior.


“Sou a pessoa responsável por organizar tudo o que é associado ao desfile”, explica. Passo a passo, para que não falhe nada, é Hugo quem contrata manequins, faz a interligação entre designers, dj, cabelos e make-up


Hugo Costa é designer no Portugal Fashion, desde 2010. Antes de ter dado o salto para o palco principal do PF, foi no espaço Bloom que apresentou várias das suas coleções, até chegar à sua coordenação, já há três edições. 


No piso de baixo do Museu do Carro Elétrico, encontramos o backstage, onde há vários espaços para as diferentes equipas, que o designer coordena. “Temos a equipa responsável pelos bastidores, showpress, equipa de vídeo, equipa do som, equipa de luz. É muita gente para organizar um conjunto de desfiles”, salienta ao Contemporâneo. 


Um trabalho de equipa, muitas vezes, às cegas. Para muitos é a primeira  vez que estão a trabalhar juntos. “Precisamos acima de tudo dos designers e dos manequins”, sublinha.


Apesar do tempo de preparação desta edição do PF, ter sido mais reduzido e concentrado. Hugo Costa considera que “o que interessa é que não haja erros no final, que corra tudo bem e que os designers estejam bem servidos”. 


“Pessoal, está tudo pronto?”, pergunta o coordenador à Vera Gomes, que garante que os modelos estão alinhados pela ordem correta, ao mesmo tempo, que os cabeleireiros e maquilhadores, finalizam os detalhes. Pelo corredor dos bastidores, a voz de Hugo Costa  ecoa com a frase: “5 minutos para alinhar”.


O relógio não para e o espetáculo não pode parar. A poucos minutos de começar, os modelos já estão em fila à espera que o desfile comece. Lá, está Vera Gomes, entre chamadas e tempo limitado, para que todos os modelos estejam alinhados. 


ree
Vera Gomes é responsável por alinhar e ajudar manequins a entrar na passerelle. Foto: Nádia Neto

“Vamos começar!”, grita alto, mesmo atrás do pano da passerelle, para que toda a equipa de backstage e os modelos ouçam e preparem a pose, para fazer um espetáculo de moda de cortar a respiração. 


Modelos alinhados, é hora do desfile. Mas, horas antes, a maquilhagem certa é preparada ao pormenor. O desafio é criar visuais únicos que complementem as roupas e a visão dos designers.


João Pedro Mota: “É o que mais amo, é a minha vida”


João Pedro Mota,
José Pedro Mota, maquilhados, trabalha há seis anos no Portugal Fashion. Foto: Nádia Neto

Dias antes, João Pedro Mota, responsável pela maquilhagem do PF, há seis anos, recebe as inspirações de cada designer. “Normalmente, faço uma demonstração e mostro ao designer a make up. Assim que o designer aprova, faço (outra) demonstração à equipa e depois a equipa executa”, explica. Além disso, “os modelos só passam para o fitting depois de aprovar”, clarifica.


O resultado final é, assim, sempre um acordo entre ele e o designer. “A palavra do designer é sempre a última”, esclarece. É neste certame que compartilha a sua paixão por transformar modelos em verdadeiras obras de arte. O trabalho artístico desenvolvido pelo profissional exige tempo, talento e técnica.


“É o que mais amo, é a minha vida” é, desta forma, que João resume os bastidores de um desfile de moda. “Um dia no backstage é muito intenso, mas, ao fim do dia, é muito gratificante”, acrescenta.


“Posso fazer as sombras? É este o batom? E o eyeliner?” são perguntas a que mais responde numa edição como o Portugal Fashion, conta o maquilhador.


De volta à preparação do Bloom, o entusiasmo e a ansiedade misturam-se. Com o relógio a contar os últimos segundos antes do desfile, há entreajuda, tanto entre designers como entre modelos. O importante é que o desfile se realize sem falhas.


À porta da sala, o público já aguarda ansioso pelo desfile. As luzes baixam, a música começa a tocar. O desfile inicia, mas nos bastidores aquele ambiente continua. Há que preparar o próximo desfile. Ali, até ao último desfile no dia 14 de outubro, no Museu do Carro Elétrico, o espetáculo tem de continuar.




Grande Reportagem

La lhéngua que ye l coraçon dua cultura 

por Lara Castro, Natalia Vásquez e Nádia Neto, em Miranda do Douro
janeiro 2024

bottom of page