Histórias no corpo: as tatuagens dos soldados da guerra colonial
- Natalia Vásquez

- 10 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de jan. de 2024
A guerra colonial ainda está na memória de muitos portugueses. No entanto, para muitos ex-combatentes, as lembranças não só estão na mente, também estão escritas na pele.
A frase mais tatuada pelos soldados, durante a guerra colonial, foi “amor de mãe”. Os combatentes usavam as tatuagens como uma forma de mostrar a sua revolta ou expressar luto pelos seus companheiros. O livro “Guerra na pele – as tatuagens da guerra colonial” de João Cabral Pinto, recopila dezenas de fotografias e centenas de testemunhos de ex-soldados.
O objetivo de João Cabral Pinto, através desta recolha, é “resgatar e preservar para memória futura um conjunto de imagens de tatuagens realizadas por militares das Forças Armadas Portuguesas durante o período da guerra colonial em África de 1961 a 1974”, segundo um dos textos do livro.
Já sobre as tatuagens em si, Pinto contou à agência lusa que a decisão de se fazer uma, era muito íntima. As razões por trás das tatuagens variavam. Iam desde vaidade e moda até o luto, o amor e os vínculos que os soldados criavam entre si.
De uma ou outra forma, as tatuagens são lembranças da guerra que ficam eternizadas na pele. João Cabral Pinto, depois de fazer uma contagem das tatuagens que fotografou, conta no seu libro que as palavra mais comum é “amor”, seja em referência ao amor aos filhos, aos pais, as mães ou as esposas, namoradas ou noivas que deixaram em casa. Muitas das tatuagens também remetem para a guerra (“Angola”, “Guiné). Todavia, há muitas que têm datas, desenhos, nomes.
Ao longo dos 20 anos de recolha de dados, encontrar as pessoas para o projeto não sempre foi fácil. Numa entrevista feita pouco depois da publicação do livro, Cabral Pinto explica: “Muitos dos antigos combatentes sofrem stress pós-traumático. Diziam 'vai dar uma curva'. Ou mesmo, 'tira lá a foto, mas não digo mais nada.”
Para bem ou para mal, as marcas na sua pele, ao igual que as suas memórias sobre a guerra, acompanharão aos ex-combatentes pelo resto da sua vida.






















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